The National Times - Sob críticas, 100 médicos cubanos chegam para trabalhar em Honduras

Sob críticas, 100 médicos cubanos chegam para trabalhar em Honduras


Sob críticas, 100 médicos cubanos chegam para trabalhar em Honduras
Sob críticas, 100 médicos cubanos chegam para trabalhar em Honduras / foto: © AFP

Aos gritos de "Eu sou Fidel, sim, conseguimos", dezenas de pessoas receberam, nesta terça-feira (27), em Honduras uma brigada de cem médicos cubanos que vão trabalhar durante dois anos no país, apesar das críticas do sindicato local.

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A brigada desembarcou no aeroporto de Palmerola, 50 km ao norte de Tegucigalpa, onde era aguardada por uma delegação do governo, encabeçada pela ministra da Saúde, Carla Paredes, e pelo chanceler, Enrique Reina, assim como por vários populares, que levaram bandeiras dos dois países e cartazes de boas-vindas.

"Vamos prestar um serviço ao povo hondurenho, que tanto precisa de nós", declarou o chefe da brigada, Antonio Broche.

Os cubanos chegaram em um voo vindo de Havana, após gestões da presidente, Xiomara Castro (esquerda), e em meio a críticas do Colégio Médico de Honduras.

"Nossa posição é que em Honduras há 11.000 médicos desempregados" e "não concordamos de trazerem médicos estrangeiros" para substituir os hondurenhos, disse à AFP o presidente do Colégio, Samuel Santos.

Santos disse, ainda, que os cubanos "vão receber 2.000 dólares de pagamento" (cerca de 10 mil reais) e "vão dar-lhes casa, carro e alimentação", enquanto os médicos generalistas hondurenhos ganham cerca de 1.100 dólares (R$ 5,4 mil) e os especialistas, aproximadamente 1.300 dólares (R$ 6,4 ml).

Por isso, "descartamos que seja uma brigada médica de solidariedade [...] É uma venda de serviços", acrescentou Santos, exigindo que os cubanos sejam "certificados" por seu sindicato, em cumprimento à lei de filiação obrigatória.

No entanto, a ministra Paredes disse que os profissionais hondurenhos não devem temer. "Nunca um médico cubano tirou espaço de um médico hondurenho, eles só se somam aos que já temos", afirmou.

A funcionária disse, ainda, que integram a brigada quatro coordenadores e 96 especialistas em imunologia, além de cirurgiões, anestesistas, cardiologistas e ortopedistas, entre outros, que ajudarão a diminuir a fila de cirurgias nos hospitais públicos do país.

Em meados de 2023, havia 57 brigadas médicas cubanas no exterior, trabalhando inclusive em países desenvolvidos e integradas por 22.632 profissionais, segundo a Unidade Central de Cooperação Médica de Cuba, que administra o programa.

Estas missões são uma boa fonte de receita para a ilha, que em 2020 obteve 3,99 bilhões de dólares (cerca de R$ 20 bilhões, em cotação da época), segundo números oficiais não são divulgados regularmente.

Os médicos cubanos chegaram para trabalhar pela primeira vez em Honduras após a passagem do furacão Mitch, em 1998, mediante um convênio bilateral, mas saíram depois do golpe de Estado de 2009 contra o então presidente Manuel Zelaya, marido de Castro.

No entanto, o convênio foi mantido e atualmente há uma centena de hondurenhos estudando medicina em Cuba, segundo a ministra.

F.Harris--TNT