The National Times - EUA alertam Venezuela para 'consequências' caso ataque Guiana

EUA alertam Venezuela para 'consequências' caso ataque Guiana


EUA alertam Venezuela para 'consequências' caso ataque Guiana
EUA alertam Venezuela para 'consequências' caso ataque Guiana / foto: © POOL/AFP

O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, disse nesta quinta-feira (27) à Venezuela que "um ataque" contra a Guiana no contexto da disputa territorial por uma região rica em petróleo "não terminaria bem", e insinuou o uso da força militar.

Alterar tamanho do texto:

Em viagem pelo Caribe, Rubio visitou Georgetown para dar apoio à Guiana frente às reivindicações da Venezuela sobre o Essequibo, uma área de 160 mil km², que representa dois terços do território guianês. A disputa fronteiriça centenária se intensificou quando a gigante americana ExxonMobil descobriu, há uma década, vastos depósitos de petróleo em suas águas.

"Se atacassem a Guiana ou a ExxonMobil (...) seria um dia muito ruim, uma semana muito ruim, para eles. Não terminaria bem", afirmou o alto funcionário americano em uma coletiva de imprensa.

"Tenho plena confiança em dizer isso como secretário de Estado: haverá consequências pelo 'aventurismo', haverá consequências por ações agressivas", declarou Rubio. O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, classificou essas declarações como "bravatas".

Com os projetos lançados pela ExxonMobil na Guiana, este pequeno país sul-americano de 800 mil habitantes e de língua inglesa está prestes a se tornar o maior produtor de petróleo per capita, à frente de Catar e Kuwait.

Embora tenha evitado sugerir uma resposta militar dos Estados Unidos, Rubio advertiu: "Temos uma Marinha grande e ela pode chegar praticamente a qualquer lugar".

O chefe da diplomacia americana assinou um memorando de entendimento para impulsionar a cooperação em matéria de segurança entre Estados Unidos e Guiana. Os dois países concordaram anteriormente em realizar patrulhas marítimas conjuntas.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, comemorou o apoio de Rubio: "Estou muito satisfeito com a garantia dos Estados Unidos de salvaguardar nossa integridade territorial e soberania".

O secretário de Estado americano esteve ontem na Jamaica, onde discutiu a crise no Haiti. Agora, está no Suriname.

"Rubio não nos surpreende. Conhecemos esse velho roteiro de ameaças e bravatas (...). A Venezuela não se rende diante de intimidações", respondeu o chanceler Gil, em mensagem divulgada pelo Telegram. "Não precisamos nem buscamos conflitos, mas também não permitiremos que interesses estrangeiros tentem reescrever a realidade sobre o nosso Essequibo."

As Forças Armadas da Venezuela alertaram que vão responder "com firmeza e decisão a qualquer provocação ou ação que atente contra a integridade territorial" do país. "A instituição armada não tolera, nem vai tolerar, ameaças", publicou no Instagram o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir López.

O enviado especial dos Estados Unidos para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, adiantou que a administração de Donald Trump considera estabelecer com a Guiana uma relação semelhante à que mantém com nações do Golfo Pérsico, que abrigam tropas americanas como um muro de contenção contra o Irã.

Rubio busca reduzir a dependência dos países caribenhos do petróleo venezuelano.

A ExxonMobil prevê uma produção petrolífera na Guiana de 1,3 milhão de barris diários (mbd) até o final desta década, enquanto a oferta da Venezuela despencou de mais de 3,5 mbd para cerca de 900 mil mbd.

- Aumento da tensão -

No começo do mês, a Guiana denunciou uma incursão de um navio militar venezuelano em suas águas, o que Caracas negou. Maduro propôs uma reunião de presidentes com Ali, que rejeitou a oferta.

A Venezuela convocou as eleições de governadores e deputados do Parlamento, marcadas para 25 de maio, para escolher pela primeira vez autoridades venezuelanas para o Essequibo, sem informar como será esse processo. Georgetown alertou que aqueles que participarem serão presos e acusados de "traição".

A Guiana sustenta que as fronteiras atuais foram fixadas em 1899 por um laudo arbitral em Paris.

A Venezuela, por sua vez, defende o Acordo de Genebra, assinado em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianesa, que anulava esse laudo e projetava uma solução negociada.

K.M.Thompson--TNT