The National Times - Zelensky recebe enviado dos EUA após críticas de Trump

Zelensky recebe enviado dos EUA após críticas de Trump


Zelensky recebe enviado dos EUA após críticas de Trump
Zelensky recebe enviado dos EUA após críticas de Trump / foto: © UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE/AFP

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky se reunirá com o enviado especial dos Estados Unidos nesta quinta-feira(20) após ser duramente criticado por Donald Trump, que o chamou de "ditador" e disse que a Rússia agora tem "todas as cartas" das negociações para acabar com a guerra.

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O discurso provoca temores de uma ruptura entre Washington e Kiev, que depende da ajuda americana para resistir à invasão russa que começou há três anos.

O Kremlin anunciou nesta quinta-feira que decidiu retomar o diálogo com Washington "em todos os parâmetros", declarando-se "absolutamente de acordo" com a posição americana sobre a Ucrânia.

Neste contexto hostil, Zelensky, enfraquecido pela reaproximação entre Trump e seu colega russo Vladimir Putin, disse, no entanto, esperar um trabalho "construtivo" durante uma reunião marcada para quinta-feira em Kiev com o enviado americano, Keith Kellogg.

"Nosso futuro não é com Putin, mas com a paz. E é uma escolha para todos — e para os mais poderosos — estar com Putin ou estar com a paz", disse ele na véspera da reunião.

Ao chegar a Kiev na quarta-feira, Keith Kellog adotou um tom mais conciliador, dizendo que entendia a necessidade da Ucrânia por "garantias de segurança".

Poucos dias antes do terceiro aniversário do início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022, Zelensky lembrou que a Ucrânia queria o fim desta guerra "desde os primeiros segundos", depois que Trump o acusou de ter iniciado o conflito.

- Apoio de líderes europeus -

Trump e Zelensky trocaram ataques pessoais sem precedentes um dia após as negociações entre os Estados Unidos e a Rússia na Arábia Saudita, o primeiro encontro entre ministros das Relações Exteriores desde o início do conflito.

O presidente americano então citou, entre outras coisas, dois números falsos sobre a popularidade de Zelensky e novamente o instou a convocar eleições, com a guerra em curso, enquanto milhões de ucranianos estão refugiados no exterior e 20% do território está sob ocupação russa.

"Um ditador sem eleições, Zelensky deve agir rapidamente ou não lhe restará país", disse Trump em sua plataforma Truth Social na quarta-feira.

Antes desta última acusação, Zelensky o acusou de viver em um "espaço de desinformação russa" e de ajudar Putin a "emergir de anos de isolamento".

Diante da virulência das acusações de Trump, o presidente ucraniano recebeu o apoio de vários líderes europeus, em especial do chanceler alemão, Olaf Scholz, e do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

"A Ucrânia é uma democracia, a Rússia de Putin não", disse o porta-voz da União Europeia, Stefan Keersmaecker, nesta quinta-feira, acrescentando que Zelensky foi "legitimamente eleito em eleições livres, justas e democráticas".

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que viajará para Kiev na segunda-feira, terceiro aniversário da invasão russa, para "reafirmar o apoio da Espanha à democracia ucraniana".

- "Poucas coisas concretas" -

As duras palavras de Trump causaram comoção na Ucrânia. No entanto, o Kremlin, sem comentar diretamente, elogiou a convergência com o novo governo americano nesta quinta-feira.

"Decidiu-se começar a retomada do diálogo russo-americano em todos os aspectos", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, acrescentando que Moscou estava "absolutamente de acordo" com a abordagem de Washington para resolver o conflito na Ucrânia.

Peskov, no entanto, disse que por enquanto há "poucas coisas concretas" devido principalmente a "discordâncias entre Washington e Kiev".

O porta-voz do Kremlin, no entanto, enfatizou que Washington continua sendo a "principal locomotiva" e a fonte da "maior contribuição financeira para alimentar" a guerra.

Vladimir Putin comemorou a retomada do diálogo entre seu país e os Estados Unidos nesta quinta-feira.

"Eu ficaria feliz em conhecer Donald [Trump]", acrescentou o presidente russo, referindo-se ao seu homólogo americano pelo primeiro nome.

Trump afirmou novamente que os Estados Unidos estavam "negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia".

"Uma coisa que - todo mundo reconhece - somente 'TRUMP' e o governo Trump podem fazer", disse ele.

A Europa, ao contrário, "fracassou em trazer a paz", disse.

T.Bennett--TNT