The National Times - Igreja Católica deixa 'aberta' questão de ordenação de mulheres

Igreja Católica deixa 'aberta' questão de ordenação de mulheres


Igreja Católica deixa 'aberta' questão de ordenação de mulheres
Igreja Católica deixa 'aberta' questão de ordenação de mulheres / foto: © AFP

A Igreja Católica reconheceu neste sábado (26) a falta de visibilidade das mulheres em seu seio, mas deixou em suspenso a questão de sua ordenação, uma decepção para as mulheres ativistas que esperavam uma mudança de rumo na instituição.

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Após um mês de debates no Vaticano, uma assembleia mundial de laicos e religiosos reunida sob a autoridade do papa Francisco anunciou que deixa "aberta" a questão da ordenação das mulheres como diáconos, função que precede a de padre, assegurando que "essa reflexão deve continuar".

Embora "as mulheres e os homens tenham uma dignidade igual como membros do povo de Deus", "as mulheres continuam se deparando com obstáculos para obter um maior reconhecimento" de seu papel, diz o documento final aprovado pelo papa Francisco, de 51 páginas.

Desde o dia 2 de outubro, 368 pessoas -- religiosos, bispos e laicos, também mulheres -- de uma centena de países debateram a portas fechadas no Vaticano na Assembleia-Geral do Sínodo sobre o Futuro da Igreja, que havia se reunido pela primeira vez em outubro de 2023.

Como no caso dos padres, e ao contrário do que ocorre em outras confissões, a Igreja Católica apenas autoriza que os homens possam ter o cargo de diácono, um ministério que permite celebrar batismos, casamentos e funerais, mas não oficiar missas.

"Não há nenhuma razão nem nenhum obstáculo que possa impedir que as mulheres exerçam papéis de direção na Igreja", indica o documento, que, no entanto, não detalha quais poderiam ser esses papéis.

Tampouco aborda a possibilidade de ordenar mulheres como sacerdotes, algo que muitas associações reivindicam, sobretudo na Europa e América do Norte.

Essa questão suscitou fortes reticências, especialmente entre uma ala conservadora da Igreja e em certas regiões, o que levou o papa a confiar os temas mais delicados a 10 grupos de trabalho, que vão apresentar suas conclusões em junho de 2025.

- Descentralizar a governança -

Entre as 155 seções do documento, a que versa sobre as mulheres foi a que teve mais objeções, com 97 votos "contrários" e 258 "a favor".

"A decisão sobre o diaconato não está madura", declarou na quinta-feira o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, máximo responsável do Dicastério para a Doutrina da Fé.

Em outras questões, o documento também propõe uma reorganização da formação dos padres e maior envolvimento dos laicos, também na seleção de bispos, e maior independência para as conferências episcopais.

Desde a sua eleição em 2013, o papa Francisco se propôs a descentralizar a governança da Igreja, com o desejo de que seja menos vertical, mas enfrenta forte oposição.

Também enfatizou a necessidade de intensificar a luta contra a violência sexual por parte de membros do clero, mediante maior prevenção.

Não obstante, o documento final não apresenta nenhuma proposta sobre o acolhimento de fiéis do coletivo LGBTQIA+, limitando-se a reconhecer que alguns católicos "continuam sentindo a dor de serem excluídos e julgados" devido à sua sexualidade.

O sínodo é um órgão consultivo que apresenta suas conclusões ao papa, que tem a última palavra sobre eventuais reformas na doutrina.

Mas o pontífice anunciou neste sábado que adotava diretamente as propostas da assembleia, algo bastante incomum, dando a elas um valor oficial.

"Não tenho a intenção de publicar uma 'exortação apostólica', o que aprovamos basta. No documento já há indicações bastante concretas que podem servir de guia para a missão das Igrejas, em diferentes continentes, em diferentes contextos", declarou o papa Francisco na noite deste sábado, no fechamento do sínodo.

A.Davey--TNT