The National Times - Paraguai diante de sua eleição presidencial mais incerta

Paraguai diante de sua eleição presidencial mais incerta


Paraguai diante de sua eleição presidencial mais incerta
Paraguai diante de sua eleição presidencial mais incerta / foto: © AFP

Os paraguaios votarão no domingo, em sua eleição presidencial mais incerta dos últimos anos, para escolher entre o economista Santiago Peña, do governista Partido Colorado, e o advogado Efraín Alegre, à frente de um bloco de oposição de centro-esquerda.

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O direitista Peña, de 44 anos, ex-ministro da Economia e ex-membro da diretoria do Banco Central, enfrenta o desafio de manter o poder para o Partido Colorado, que governou quase ininterruptamente desde os anos 1950, mas chega a essas eleições muito dividido, com alguns de seus líderes mais importantes sancionados pelos Estados Unidos por corrupção.

Alegre, que aos 60 anos concorre à Presidência pela terceira vez, tem sua melhor oportunidade, com o apoio de uma ampla coligação que o elegeu nas primárias em dezembro passado. "Vamos controlar 100% das mesas, não haverá fraude. Eles sabem que vamos ganhar, por isso estão nervosos", disse Alegre à AFP esta semana.

"Não se vence com pesquisas, não se vence com currículo. Se vence com o voto popular manifestado no dia das eleições", indicou Peña em entrevista à AFP.

"Sinto muita tranquilidade, muita paz de saber que dei o máximo humanamente possível", acrescentou.

- Dia definitivo -

As eleições presidenciais no Paraguai ocorrem em apenas um turno, e serão definidas neste domingo a favor de quem obtiver a maior votação, sem necessidade de maioria absoluta.

Os 4,8 milhões de eleitores escolherão também o próximo Parlamento de 45 senadores e 80 deputados, além de 17 governadores.

A mais recente pesquisa feita pela Atlas, entre os dias 20 e 24 de abril, com uma margem de erro de 2 pontos percentuais, indicou um intenção de voto de 34,3% para Alegre e 32,8% para Peña. Em terceiro lugar figura Paraguayo Cubas, um direitista antissistema, com uma curva ascendente que o leva a 23%

Porém, será a formação do Congresso que irá determinar a governabilidade, com um Partido Colorado que pode se dividir em duas bancadas, entre os que apoiam o ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018), sancionado por corrupção pelos Estados Unidos e padrinho político de Peña, e os que apoiam o presidente Abdo.

"A pior oposição que Peña enfrentará, se vencer, será dentro de seu partido, não fora dele", comentou à AFP o analista político Sebastián Acha.

Corrupção e infiltração do crime organizado estão na lista de acusações mútuas das duas correntes do partido governista, com o vice-presidente Hugo Velázquez sancionado também pelos Estados Unidos.

- O trabalho a ser feito -

O próximo governo deverá enfrentar o combate à pobreza e as desigualdades em um cenário econômico global pouco favorável.

Com uma economia impulsionada pelas exportações de produtos agrícolas, o Banco Central prevê em 2023 um crescimento de 4,8% do PIB. O FMI o calculou em 4,5%, um dos mais altos da América Latina.

Mas a pobreza alcança 24,7% dos 7,5 milhões de habitantes e a pobreza extrema 5,6%, segundo a pesquisa domiciliar de 2022 do Instituto Nacional de Estatísticas.

"Paraguai, por mais que esteja entra as economias que menos sentiram o impacto da pandemia, que tem uma das qualificações mais altas em negócios da Fundação Getúlio Vargas, não deixa de ser um país onde a desigualdade econômica continua existindo em sua população", disse o economista Stan Canova.

Em Assunção, os contrastes são evidentes entre os luxuosos edifícios comerciais construídos nos últimos anos e os frágeis barracos arrastados pelo rio Paraguai a cada enchente.

"Nós não vamos votar. Não há propostas sérias para os pobres", disse Albino Cubas, um vigia particular de 41 anos, que perdeu sua casa na última inundação.

O consultor econômico Rubén Ramírez concordou que "o grande problema do Paraguai é não ter alcançado um equilíbrio maior na distribuição de renda para uma maior igualdade".

"O próximo governo vai enfrentar um panorama mundial complexo. Há imprevisibilidade sobre a evolução dos preços das commodities, em um contexto global de inflação", afirmou à AFP.

T.Ward--TNT