The National Times - Sobreviventes de massacre em Burkina Faso relatam seu martírio

Sobreviventes de massacre em Burkina Faso relatam seu martírio


Sobreviventes de massacre em Burkina Faso relatam seu martírio
Sobreviventes de massacre em Burkina Faso relatam seu martírio / foto: © AFP

Sobreviventes de um massacre ocorrido no norte de Burkina Faso relataram o longo sofrimento por que passaram há uma semana, quando homens uniformizados passaram horas matando arbitrariamente moradores, entre eles mulheres com bebês.

Alterar tamanho do texto:

O banho de sangue começou em 20 de abril na aldeia de Karma, em uma parte do país que já havia sido duramente atingida pelo jihadismo, mas a tragédia só foi divulgada no último domingo.

O promotor regional Lamine Kabore disse à AFP que cerca de 60 pessoas foram mortas por agressores que vestiam uniforme militar. Mas, em um comunicado divulgado anteontem, sobreviventes e moradores locais disseram que o número de vítimas chegou a mais de 100, em um massacre que durou horas.

Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, afirmou em comunicado separado que houve relatos de "pelo menos 150 civis" mortos.

- Do alívio ao terror -

Os sobreviventes explicaram que por volta das 7h30 daquele dia, a aldeia, de cerca de 400 pessoas, foi cercada por "um grande número de homens uniformizados", que chegaram em motocicletas, vans, veículos armados "e um tanque".

Alguns moradores saíram para cumprimentá-los, felizes com a chegada dos "soldados", mas sua alegria logo se transformou em terror quando a matança começou, disse o comunicado. "Várias pessoas foram mortas no local onde se encontravam sem qualquer formalidade (...) homens, crianças e idosos", diz o texto.

As pessoas que tentaram se esconder receberam ordens para sair, enquanto os agressores arrombaram portas e incendiaram armazéns. "Os feridos que tentaram fugir foram perseguidos e mortos (...) e algumas mulheres foram executadas enquanto carregavam seus bebês nas costas", narraram os sobreviventes.

O massacre durou até por volta das 14h, quando os soldados se afastaram em direção a Dingiri, cidade ao norte de Karma, disseram.

A comunidade afirmou que as vítimas ainda estavam a céu aberto na terça-feira. Eles tentaram ir ao vilarejo na segunda-feira para enterrar os corpos, mas o Exército bloqueou o caminho.

O massacre ocorreu uma semana depois que 34 voluntários da defesa e seis soldados foram mortos por supostos jihadistas em Aorema, vilarejo a 40 km de Karma. Após esse ataque, a junta militar de Burkina declarou "uma mobilização geral", para dar ao Estado "todos os meios necessários" para combater os jihadistas afiliados à Al-Qaeda e aos grupos do Estado Islâmico.

- ONU pede investigação -

O promotor Kabore disse que investigava os assassinatos e deu instruções para prender qualquer envolvido.

Ravina Shamdasani pediu uma investigação rápida e rigorosa. "Esta investigação deve ser rápida, minuciosa, independente e imparcial, e deve resultar em alegações credíveis, se quiserem interromper este tipo de ação repugnante", disse ele.

A junta militar de Burkina Faso quebrou hoje o silêncio sobre "esses atos hediondos de barbárie" e expressou preocupação com os assassinatos", ocorridos em circunstâncias que ainda precisam ser esclarecidas".

O ministro das Comunicações, Jean Emmanuel Ouedraogo, pediu que os investigadores "esclareçam o caso, que é repugnante para a consciência individual e coletiva".

Karma está localizada em uma área rica em ouro, que atraiu um fluxo de garimpeiros ilegais, e fica perto da fronteira com o Mali, epicentro de uma insurgência jihadista de uma década que se espalhou pelo Sahel.

Burkina Faso foi duramente atingida, e seu Exército, mal equipado, foi superado por um inimigo móvel e implacável. A violência deixou mais de 10.000 mortos, segundo grupos de ajuda não governamentais, e cerca de 2 milhões de deslocados.

O incômodo dos militares devido às inúmeras baixas em suas fileiras levou a dois golpes de Estado em 2022, o mais recente em setembro. Seu promotor, o capitão Ibrahim Traore, estabeleceu para si o objetivo de recuperar 40% do território de Burkina controlado atualmente por jihadistas.

S.Ross--TNT

Apresentou

Lancha com 21 pessoas a bordo, a maioria migrantes venezuelanos, naufraga no Panamá

Uma lancha com 19 migrantes venezuelanos e colombianos e dois tripulantes panamenhos naufragou no Caribe, após partir do Panamá em direção a um porto colombiano, informou, neste sábado (22), a polícia de fronteiras responsável pelos resgates. Ainda não houve a divulgação de um relatório de vítimas.

Israel atrasa libertação de prisioneiros palestinos após devolução de seis reféns

Israel atrasou, neste sábado (22), a libertação de centenas de prisioneiros palestinos, após a entrega, por parte do Hamas, de seis reféns israelenses mantidos na Faixa de Gaza, nos termos do acordo de trégua, cuja primeira fase está prestes a terminar.

Hamas liberta mais seis reféns israelenses no âmbito de acordo de trégua em Gaza

O Hamas libertou, neste sábado (22), seis reféns mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza, no âmbito da primeira fase de uma frágil trégua em vigor desde 19 de janeiro entre o movimento islamista palestino e Israel.

EUA propõe resolução na ONU sobre Ucrânia sem mencionar integridade territorial

Com o desejo de obter um fim rápido para o conflito na Ucrânia, os Estados Unidos propuseram um projeto de resolução na Assembleia Geral da ONU que não menciona o respeito à integridade territorial do país europeu, após um novo ataque do presidente americano, Donald Trump, contra seu homólogo Volodimir Zelensky.

Alterar tamanho do texto: