The National Times - Cobertura do julgamento de Trump reflete divisão nos Estados Unidos

Cobertura do julgamento de Trump reflete divisão nos Estados Unidos


Cobertura do julgamento de Trump reflete divisão nos Estados Unidos
Cobertura do julgamento de Trump reflete divisão nos Estados Unidos / foto: © POOL/AFP

A cobertura pela imprensa do julgamento criminal do ex-presidente Donald Trump difere diametralmente de uma rede de notícias para a outra, um reflexo da sociedade polarizada que acompanha o caso nos Estados Unidos.

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Fox News, MSNBC, CNN: as três grandes redes nacionais parecem tão divididas quanto o próprio país quando se trata de informar sobre o julgamento de um político que, por si só, é um dos que mais divergências geram.

No horário nobre de Washington, após um dia dominado pelo depoimento do ex-advogado de Trump Michael Cohen, as principais redes de TV americanas exibiam ontem chamadas diferentes na parte inferior da tela.

Fox News: "Cohen, um groupie convertido em arma explosiva" pelos promotores.

MSNBC: "Cohen desenha um retrato condenatório de Trump em seu depoimento."

CNN: "'Vá em frente, faça'": Segundo Cohen, Trump mal podia esperar para pagar Stormy Daniels."

O primeiro é o canal preferido dos conservadores, o segundo tem uma audiência progressista, e a CNN busca ser mais objetiva, embora muitas vezes se mostre mais inclinada para o lado democrata.

As três emissoras informam há semanas sobre o julgamento, em que Trump é acusado de falsificar documentos contábeis para esconder pagamentos à ex-atriz pornô Stormy Daniels durante a campanha eleitoral de 2016.

Apresentadores e colaboradores da Fox News dizem que o julgamento “é totalmente político” e acusam Cohen, principal testemunha do caso, de corrupção.

“É uma vergonha que esse caso tenha chegado tão longe”, disse ontem à Fox News o advogado conservador Jonathan Turley, um comentário que lembra os de Trump, que acusa de corrupção o juiz que preside o processo, Juan Merchan.

- Credibilidade -

Na MSNBC, um analista jurídico argumentou que Cohen “transmite muita credibilidade”. Outros convidados compararam Trump a um chefão da máfia, por sua propensão a “não deixar rastros em papel”.

A CNN, por sua vez, destacou que Trump fechou os olhos durante a audiência. Desde o início do julgamento, os advogados e pessoas próximas de Trump desmentiram os jornalistas presentes na sala, segundo os quais o réu às vezes adormece.

Esse ponto foi ignorado pela Fox News, que se concentrou em questionar a credibilidade de Cohen como testemunha. Citado como especialista, o advogado Andrew Stoltmann o comparou ao personagem "Pinóquio".

Outra linha de ataque usada por Trump e retomada pelo canal conservador é a acusação de politização da Justiça. “Toda a estratégia de Joe Biden é nos fazer esquecer a inflação doméstica e as guerras no exterior", afirmou o senador republicano J.D. Vance, cujo nome circula como companheiro de chapa de Trump contra Biden nas eleições presidenciais de novembro.

- Impacto -

É difícil saber o impacto da cobertura em um país onde muitas pessoas estão presas em bolhas de informação em ambos os lados do espectro político. Principalmente porque foi proibida a transmissão ao vivo do julgamento e grande parte da cobertura televisiva se baseia em relatos de jornalistas aos apresentadores dos telejornais.

Ao mesmo tempo, a internet continua interferindo no poder dos veículos tradicionais, o que não tem sido uma exceção durante o julgamento.

Na primeira semana do processo, em meados de abril, a Fox News perdeu cerca de 5% de audiência no horário nobre em relação à semana anterior, com 1,98 milhão de telespectadores. A CNN perdeu 6%, com 596 mil telespectadores, segundo números do Instituto Nielsen, citado pelos veículos americanos.

Apenas a MSNBC, o canal de notícias 24 horas mais esquerdista, viu subir sua audiência, em 17%, para 1,35 milhão de telespectadores, nos horários de pico.

C.Stevenson--TNT