The National Times - BCB se prepara para continuar baixa da Selic

BCB se prepara para continuar baixa da Selic


BCB se prepara para continuar baixa da Selic
BCB se prepara para continuar baixa da Selic / foto: © AFP/Arquivos

O Banco Central do Brasil (BCB) inicia, nesta terça-feira (31), uma nova reunião em que decidirá se reduz novamente a taxa da Selic em 0,5 ponto percentual, a 12,25%, conforme acredita o mercado.

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O Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição publicará sua decisão no final da sua penúltima reunião do ano, na quarta-feira (1º).

Uma nova queda da Selic seria a terceira consecutiva no atual ciclo de baixas.

Em agosto, quando a taxa estava em 13,75%, o BCB fez um corte de 0,5 ponto percentual, o que marcou a primeira queda em três anos e o início de um "ciclo gradual de flexibilização monetária".

A queda seguinte, em setembro, foi na mesma proporção.

O consenso do mercado indica que o Copom manterá o mesmo ritmo de redução, 0,5 p.p., segundo pesquisa do jornal Valor Econômico com 140 consultorias e instituições financeiras.

O Comitê havia antecipado no relatório da última reunião que, caso se confirmassem suas expectativas sobre a economia, continuaria com uma redução semelhante da taxa, considerando-a "apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".

Até o final deste ano, a expectativa do mercado é que a Selic continue sua trajetória de queda para 11,75%, o que implica outro corte de 0,5 p.p. em dezembro, segundo o boletim Focus da instituição divulgado na segunda-feira.

A intenção das autoridades do BCB é alinhar a inflação aos seus objetivos. Nos últimos meses, os aumentos de preços no Brasil seguiram uma dinâmica "mais benigna", avaliou o Copom em setembro.

A inflação registra moderação, especialmente em comparação com um período de índice galopante entre 2021 e 2022.

No entanto, o índice continua acima da meta da inflação máxima de 4,75% para o ano, estabelecida pelo BCB: em setembro, o aumento de preços acumulado em 12 meses atingiu 5,19%, segundo dados oficiais.

A expectativa das consultorias e entidades financeiras para o final do ano é de uma inflação de 4,63%, segundo previsões do boletim Focus.

- Incerteza fiscal -

Desde que assumiu o seu terceiro mandato, em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende uma redução nas taxas para estimular a economia, incentivando o consumo e o investimento com créditos mais baratos.

O PIB do país deve fechar 2023 com alta de 2,89%, segundo o mercado, que ajustou para cima suas projeções, com base em um crescimento resiliente.

Mas na sexta-feira, às vésperas da reunião do Copom, Lula disse que o Brasil "dificilmente" atingirá o déficit fiscal zero em 2024, como previsto no orçamento enviado ao Congresso, dando um sinal importante sobre uma das principais preocupações econômicas.

A incerteza sobre a questão fiscal provocou reação negativa dos investidores na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que fechou em queda na segunda-feira, e mais uma vez semeou dúvidas sobre a estabilidade da economia brasileira.

No mês passado, o Copom destacou a importância de perseguir com firmeza os objetivos fiscais para ancorar as expectativas da inflação e, consequentemente, para a "condução da política monetária”.

Abandonar o objetivo fiscal significa, segundo os analistas, maiores gastos públicos e, portanto, um maior risco inflacionário.

O risco não alterou a projeção do mercado para este ano, que, no entanto, prevê cortes menores na Selic para 2024 (9,25%) e 2025 (8,75%), segundo o boletim Focus.

O Copom também vai considerar o turbulento contexto internacional.

De um lado, o aumento das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos, que reduz a atratividade de países emergentes como o Brasil e fortalece o dólar. O Federal Reserve (Banco Central americano) avaliará o nível das taxas simultaneamente ao Copom. Do outro, a guerra no Oriente Médio entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas.

Os efeitos poderão tornar o Comitê "mais conservador" em relação aos cortes futuros, afirma um relatório do banco C6.

K.M.Thompson--TNT