Os grandes dramaturgos premiados com o Nobel
A Academia Sueca não premia apenas romancistas ou poetas, mas também grandes dramaturgos, desde Bernard Shaw, nos anos 1920, até o norueguês Jon Fosse, que ganhou, nesta quinta-feira (05), o Nobel de Literatura.
- Bernard Shaw, pai de 'Pigmalião' (1925) -
Em 1925, a Academia premiou o irlandês Bernard Shaw, por sua obra repleta de "idealismo e humanidade" e sua "sátira estimulante" permeada por uma "beleza poética singular".
O autor socialista, que fracassou como romancista, escreveu cerca de 60 obras em que denuncia abusos sociais. A mais famosa delas, "Pigmalião" (1912), foi adaptada para o cinema e inspirou a comédia musical "My Fair Lady", que fez sucesso na Broadway.
- Pirandello, o teatro como parêntese (1934) -
Para o dramaturgo italiano Luigi Pirandello, o teatro foi, inicialmente, um parêntese. Mas foram as suas obras que lhe valeram o reconhecimento da crítica, e não seus romances, poemas e contos.
Pirandello foi premiado com o Nobel em 1934, dois anos antes da sua morte, por sua "renovação ousada e engenhosa da arte dramática e teatral". Sua obra mais famosa, "Seis Personagens em Busca de um Autor", apresenta personagens que rejeitam a forma como seu drama é representado.
- Eugene O'Neill, pioneiro do teatro nos EUA (1936) -
Antes de Eugene O'Neill, o teatro americano era dominado por representações moralistas, dramáticas ou humorísticas. O nova-iorquino de origem irlandesa mudou isso com criações que representavam sua visão trágica da vida.
A obra de O'Neill dominou o teatro americano, como o fizeram Shakespeare, no Reino Unido, e Strindberg, na Suécia. No entanto, a maioria de suas obras foi publicada sem a sua autorização, entre elas "Longa Jornada Noite a Dentro" (1956).
Quando recebeu o Nobel, em 1936, considerou o prêmio "um símbolo do reconhecimento pela Europa do advento do teatro americano".
- Samuel Beckett e o teatro do absurdo (1969) -
O irlandês Samuel Beckett foi premiado em 1969 por sua "obra, que, por meio da renovação, alça voo na destituição do homem moderno".
"Esperando Godot", escrita em francês em 1948, é considerada o ápice do teatro do absurdo. Nela, dois personagens esperam por alguém que nunca virá, chamado Godot.
Beckett escreveu outras peças teatrais importantes, como "Fim de Jogo" (1957). Sua obra, refinada e minimalista, expressa um pessimismo envolvendo a condição humana, com tons burlescos.
- Dario Fo, o bufão militante (1997) -
Dramaturgo de extrema esquerda, diretor e ator, o italiano Dario Fo era "um homem teatral".
Em 1997, foi reconhecido pelo Nobel, segundo o qual o personagem que ele construiu "imita os bufões medievais, flagelando a autoridade e fazendo a dignidade dos oprimidos ser respeitada".
O júri citou duas de suas peças mais políticas: "Mistero Buffo" (1969) e "Morte Acidental de um Anarquista" (1970). Atualmente, ele é um dos autores mais representados do mundo.
- Harold Pinter, monumento do teatro britânico (2005) -
Militante anti-imperialista, Harold Pinter, que recebeu o Nobel em 2005, é considerado "o representante mais proeminente do teatro dramático inglês da segunda metade do século XX", segundo a Academia.
Autor de cerca de 30 obras, o dramaturgo, que morreu em 2008, também escreveu obras radiofônicas e roteiros.
Pinter, que começou como ator, fez sucesso com "A Festa de Aniversário" (1958), uma de suas primeiras obras e uma das mais representadas. A consagração veio com "O Zelador" (1959).
Inspiradas em seu amigo Beckett, as obras de Pinter possuem uma atmosfera particular, com situações aparentemente inocentes que se voltam para o absurdo.
I.Paterson--TNT